Não gostaria que esse fosse mais um texto daqueles que reclama da presença do Papai Noel no Natal e, por tabela, deixa o verdadeiro aniversariante de lado. Por mais que concorde com isso, com o fato de que no Natal deveríamos lembrar do Redentor da raça humana, gostaria, entretanto, de entender o motivo pelo qual o “bom velhinho” é tão cativante.
Papai Noel é mais que uma lenda. Ele reflete o que há de mais real na espiritualidade contemporânea, pois nossos dias são marcados por uma espécie de hedonismo no qual a busca pela satisfação pessoal é o maior objetivo. O papel de Deus em uma sociedade assim é o de atender pedidos, como quem esfrega a lâmpada mágica esperando que dela brote algum gênio pronto a atender seus desejos. Se pararmos para pensar, a tradição consumista construída em torno do natal reflete exatamente esse tipo de pensamento; alguém que aparece do nada e supri seus desejos e atende seus sonhos. A realidade do Natal da Bíblia é outra; nela, Jesus é servido da adoração de todos aqueles por quem ele morreu. É verdade que Deus supri seus filhos, mas não em uma relação de consumo e sim em um relacionamento amoroso que envolve dependência por parte destes.
Há, portanto, um nível de comprometimento diferente no natal de Cristo. Aquele que o busca, compromete toda a sua vida nesse propósito. É uma verdadeira abdicação de governo pessoal considerando que os valores de Deus, manifestados em Jesus, são mais competentes para dar um direcionamento do que convicções pessoais empíricas. Já o bom velhinho está circunscrito ao mês de dezembro e se ele se atrever a sair daí, será considerado, no mínimo, inadequado. O fato de alguém se dizer cristão, mas procurar um relacionamento com Deus apenas em uma data específica do ano, não faz dessa pessoa um cristão verdadeiro. Repito: esse é o tipo de natal do "bom" velhinho e não o verdadeiro natal cristão.
O "bom" velhinho é preferido justamente porque ele é "bom". Não que Jesus não seja, ao contrário, ele é na verdade o sumo bem. O problema está na definição humana disso, pois, na maioria das vezes, o bem e o bom são completamente alijados do conceito de justiça. O professor "bom" é o que passa todos os alunos; o pai "bom" é o que faz todas as vontades do filho sem, contudo, exercer qualquer disciplina; o chefe "bom" é o que oferece muito e cobra pouco. Papai Noel está sempre sorrindo e sua presença significa apenas presentes; nenhuma cobrança nem reprimenda. Não é a toa que a Bíblia diz: “Dificilmente haverá alguém que morra por um justo; pelo homem bom talvez alguém tenha coragem de morrer.” (Rm 5.7) Há uma predileção pelo “bom” em detrimento do Justo.
O nível de comprometimento requerido por Jesus àqueles que com ele querem se relacionar não o faz ser o mais simpático ao pecador. Aos olhos deste, o "bom" velhinho exerce um carisma muito maior mas, por outro lado, o presente que o ser humano realmente precisa não pode ser encontrado em seu trenó. “Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão.” – disse Jesus (Jo 10.28). Precisamos da vida eterna e, consequentemente, precisamos do Salvador.
O Natal, então, é época de refletirmos sobre nossa espiritualidade. Precisamos avaliar se não está justamente na fraqueza de nosso coração a razão pela qual o bom velhinho nos atrai tanto. Necessitamos reconhecer que só há motivos reais de comemoração para aqueles que festejam o nascimento do Redentor, o único capaz de trazer o maior de todos os presentes que é a Vida Eterna.
“Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (Jo 17:3)
3 comentários:
Já fazia tempo que não via atualização de artigo. Que bom que foi atualizado. Muito bom.
Bendiciones desde mi blog www.creeenjesusyserassalvo.blogspot.com
Olá! Excelente artigo! Verdadeiramente a espiritualidade mundana anseia por um deus que satisfaça todos os anseios do seu coração. Essa foi a proposta satânica dirigida a Cristo, a qual, também, é feita aos Seus seguidores: "Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares." (Mateus 4:9). É nessa sedução que os seres humanos tem sido enganados, vãs e falsas promessas que não se cumprem, mas pela beleza do sorriso "benévolo" do "bom" velhinho, é desconsiderada a verdade que, tal qual a adúltera do livro de Provérbios, esse deus é assim desmascarado, mostrando seu destino e dos que o seguem: "Seus lábios destilam favos de mel, e o seu paladar é mais suave do que o azeite. Mas o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois gumes. Os seus pés descem para a morte; os seus passos estão impregnados do inferno." (Provérbios 5:3-5)
Obs: Tomei a liberdade de publicar esse excelente artigo no meu blog: www.guardianfaith.blogspot.com
Apologeta
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