Já nessa
semana, em Eirunepé, cidade amazonense próxima à divisa com o estado do Acre,
alguns alunos entre 12 e 16 anos
passaram mal após tomarem água no bebedor do colégio. Tudo indica que foram
vítimas de outro aluno também adolescente que teria jogado veneno de formiga no
reservatório da escola.
Há alguns dias,
o Brasil ficou estupefato com a morte de toda uma família na Vila Brasilândia, Zona
Norte da capital paulista. Marcelo Pesseghini, de apenas 13 anos, é o principal suspeito de chacinar com tiros na cabeça
seus pais, a avó e uma tia e depois cometer suicídio. Ele teria antes confessado
ao melhor amigo, que seu maior sonho era assassinar os próprios pais e se
tornar um matador de aluguel.
São “apenas”
três exemplos, mas que gritam uma indagação geral da nação: “O que é que está
acontecendo com nossos adolescentes?”
A resposta é
complexa e não pretendo esgotá-la. Gostaria de destacar pontos que, a meu ver,
estão mais salientes e carecem de reflexão.
O primeiro
deles é a relação que existe entre ira e disciplina. A Bíblia nos adverte que
nossos filhos ficam expostos a um comportamento iracundo sempre que os pais não
tem disposição em discipliná-los e admoestá-los (Ef 6.4). É o que de vez em
quando chamo do efeito “show no shopping”: a criança abre o berreiro e se joga
no chão porque não teve sua vontade feita. Essa criança cresce e a atração se
transforma; o “show no shopping” vira um circo de horrores. Crianças que não
tem sua natureza pecaminosa sob o controle da disciplina, dificilmente se
tornarão adolescente influenciáveis pelas opiniões de seus pais.
Outro fato
preocupante é que a infância, a época da imputabilidade, está cada vez mais
elástica. Adolescentes são apenas vítimas e nunca responsabilizados pelas
próprias decisões. Ao olharmos para a Palavra, vemos algo bem diferente. No
povo de Israel, quando a criança completava 12 anos de idade, ela passava pelo Bar-Mitzvá que significa “tornar-se
filho da lei”. A partir desse momento ela teria todos os direitos e deveres de
um adulto. É verdade que não estamos mais no estado teocrático de Israel, mas
um grande princípio pode ser extraído disso. De que a responsabilidade precisa
ser atribuída ao indivíduo mais cedo do que nossa nossas leis propõe. Deus, que
é o Criador, entende que o ser humano tem condições de arcar com as
consequências de seus atos desde a adolescência.
Adicionamos
mais um elemento importante à discussão e que ajuda a descaracterizar o
adolescente como vítima social, que é a herança familiar. Alguns sociólogos e
psicólogos argumentam que certos indivíduos não têm outra opção a não ser o
crime, pois foram educados nesse sistema, assistindo seus pais. Isso não
procede integralmente; não descarto que exista cerco grau de influência mas,
por outro, se isso fosse uma regra, não veríamos gangues formadas por jovens de
classe média que, teoricamente, estão menos expostos à violência. Mesmo que
estivessem, novamente a Bíblia traz luz à questão: “Aquele que pecar é que
morrerá. O filho não levará a culpa do pai, nem o pai levará a culpa do filho.
A justiça do justo lhe será creditada, e a impiedade do ímpio lhe será cobrada.”
(Ez 18.20) A relação dos reis de Judá no Antigo Testamento é uma grande prova
de como esse versículo funciona na prática. Acaz foi um dos piores reis de
Israel (735-715a.C.); promoveu a idolatria e preferiu confiar no rei da Assíria
e não no Senhor; até mesmo o próprio filho ele ofereceu em holocausto a um deus
pagão. Já seu outro filho, o que lhe sucedeu ao trono, Ezequias (715-687a.C.),
a despeito do péssimo exemplo do pai, entrou para a galeria dos melhores reis
de Israel. Seu exemplo de homem de Deus, no entanto, não bastou para que seu
filho Manassés (687-642a.C.), o próximo rei figurasse entre os mais terríveis.
Em cada caso, Deus cobrou ou creditou sua justiça, exatamente como o versículo
bíblico expressa.
Se pudermos resumir
o diagnóstico em duas palavras, eu arriscaria que nossa sociedade tem
abandonado os conceitos bíblicos de disciplina
e responsabilidade. Isso só para
citar a abordagem privada do problema, sem levar em consideração os aspectos de
políticas públicas relacionados.
Se você é pai
ou mãe, volte mais seus olhos para seu lar. Não há nada de tão precioso -dinheiro
ou conhecimento - que seja melhor que ver seus filhos nos caminhos do Senhor.
Dê tempo a eles, explicando a realidade que os cerca à luz da Palavra. Se você
é um jovem ou adolescente, lembre-se que sua vida é vivida diante de Deus. Do
jeito dEle será sempre melhor que do
jeito do seu próprio coração; seja biblicamente responsável por suas decisões.
Como um dia escreveu o poeta Pablo Neruda, "Você é livre para fazer suas
escolhas, mas é prisioneiro das consequências." Seja sábio!
4 comentários:
Boa reflexão Reverendo, o mundo está se distanciando da Palavra de Deus a passos de progressões geométricas, e as consequências só podem resultar em terríveis atrocidades, e o pior, para nós cristãos, temos as palavras proféticas de Cristo, quando nos fala do fim dos tempos; oremos para que nossos adolescentes não sejam desviadas para o amor mundano, e tragadas por esta violência urbana que vivemos. Em Cristo
Lula
Prezado, o que está acontecendo é a falta de limites a serem impostos pela família. Com a desestruturação desta última, resta-nos adolescente mal formados e inconsequentes.
Abraços!
Paso visitando su blog. Bendiciones.
Mi blog www.creeenjesusyserassalvo.blogspot.com
Muito oportuna a reflexão que nos dá oportunidade de refletirmos nos últimos acontecimentos e em nossa realidade que nos cerca no dia a dia com os nossos adolescentes.
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